O Brasil inteiro está "respirando" carnaval. As brincadeiras se multiplicam pelas cidades, Estados. As rádios tocam marchinas, sambas-enredo e a inevitável "axé-music".
Bateu-me uma nostalgia, uma espécie de "flash-back" se passou em minha cabeça. Os carnavais da minha infância e adolescência. Falando assim parece qu se passaram séculos...(rsrsrsrs)...NÃO (mais risos)...não sou tão "idosa" assim....(agora os risos se tranformam em uma gostosa gargalhada). São apenas alguns anos....
Nessa época o carnaval era animado, alegre e da paz...Podia-se brincar (crianças, adultos, idosos) sem medo de ser assalatado, violentado, esfaqueado...
Carnaval de rua, feito para brincar e se divertir....
Carnaval do tempo que brincava-se vestido de fantasias ou o tradicional "short-camiseta". Ainda não tínhamos sido contaminados pela "febre dos abadás".
As músicas que animava o povo eram as marchinhas de letras engraçadas e de duplo sentido.
De dia brincava-se nos "blocos de sujo" , chamado assim devido ao fato de todos se sujarem de maisena. A tradicional "guerra de maisena" (uns jogam maisena nos outros). Todos brincavam sujos de maisena. Uma multidão alegre, seguida de uma banda, desfilava por todo o centro da cidade.
À noite era a vez das "Blocos Tradicionais" (exclusivos aqui do Maranhâo), com suas fantasias riquíssimas, luxuosas, com sua batucada cadenciada. As bandas organizadas: Turma do Saco, U.R.T.A (Unidos do Regional Tocados a Álcool), entre outras que competiam entre si nas fantasias e animação. Além do desfile das Escolas de Samba...nas ruas e praças...Além disso tinham as "Tribos de Índios" (eu morria de medo qdo criança, achava que eram de verdade rsrsrs), os "Bloscos de "afoxé", a "Casinha da Roça" (que representava uma verdadeira casa da roça com mulheres cozinhando comidas típicas). Tem também o "Tambor de Crioula" que se apresentava pela cidade nesta época (não só nas festas juninas, na verdade é o ano inteiro).
Era um dia inteiro de folia que se estendia pela madrugada, sem o perigo de ser assaltada, violentada, esfaqueada.
Todos bricavam, de forma alegre, saudável. Não que fosse tudo flores, mas nada que se compare ao que vemos hoje. O máximo que acontecia era um ou outro bêbado incoveniente.
A impressão que temos é que os jovens de hoje não sabem se divertir sem estímulos de bebidas, "lolós" e outras dogras, entorpecentes. Ficam como loucos, chacoalhando como se tivessem tomado um choque elétrico. Sem falar na banalização do corpo, do beijo (dado em qualquer um, em vários até numa mesma noite), do sexo sem qualquer responsabilidade, de forma inconsequente...No meio dos blocos é um tal de "mão-boba"...parece que você perde o domínio do seu corpo, que passa a ser de domínio público...affe!! Exageros a parte (rsrsrs) o carnaval agora virou uma grande festa "baiana"...com abadás, músicas importadas de bandas da Bahia.. A violência que impera afasta as pessoas que não saem de suas casas com seus filhos para colocá-los em situação de risco. A maioria viaja para as cidades do interior nos dias de carnaval. Principalmente para cidades pequenas onde têm familiares, onde todos se conhecem, assim a brincadeira fica mais saudável.
Há uma política atual de resgatar os antigos carnavais, mas antes deve ser feito algo a respeito da violência que impera em todo o país. Na marginalização, na melhoria das condições de vida do povo. Na educação , sáude...aí sim, quem sabe, voltamos ser ser civilizados o bastante para brincarmos ser violentar ao outro e a nós mesmos.