domingo, 13 de janeiro de 2008

Poema de Fernando Pessoa






Onde você vê um obstáculo,



alguém vê o término da viagem



e o outro vê uma chance de crescer.



Onde você vê um motivo pra se irritar,



Alguém vê a tragédia total



E o outro vê uma prova para sua paciência.



Onde você vê a morte,Alguém vê o fim



E o outro vê o começo de uma nova etapa...



Onde você vê a fortuna,



Alguém vê a riqueza material



E o outro pode encontrar por trás de tudo,



a dor e a miséria total.



Onde você vê a teimosia,



Alguém vê a ignorância,



Um outro compreende as limitações do companheiro,



percebendo que cada qual caminha em seu próprio passo.



E que é inútil querer apressar o passo do outro,



a não ser que ele deseje isso.



Cada qual vê o que quer,



pode ou consegue enxergar.



"Porque eu sou do tamanho do que vejo.



E não do tamanho da minha altura."

As Sem-razões do Amor (Carlos Drummond de Andrade)

Eu te amo porque te amo.

Não precisas ser amante,

e nem sempre sabes sê-lo.

Eu te amo porque te amo.

Amor é estado de graça

e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,

é semeado no vento,

na cachoeira, no eclipse.

Amor foge a dicionário

se a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo

bastante ou demais a mim.

Porque amor não se troca,

não se conjuga nem se ama.

Porque amor é amor a nada,

feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,

e da morte vencedor,

por mais que o matem (e matam)

a cada instante de amor.

Amizade (Ivone Boechat)


A amizade

é o mais belo afluente do amor,

ela ajuda a resolver,

com paciência,

as complicadas equaçõesda convivência humana.

A amizade

é tão forte quanto o amor,

ela educa o amor,

sinalizando o caminho da coerência,

apontando as veredas da justiça,

controlando os excessos da paixão.

A amizade

é um forte elo que une pessoas

na corrente do querer.

Amizade

é cola divina,

cola demais,

pode doer.

A amizade

tem muito mais juízo que o amor,

quando ele se esgota

e cisma de ir embora,

ela se propõe a ficar,

vigiando o sentimento que sobrou.